terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Pátio do Salema

Salema é claramente, apelido. Mas também é cumprimento. Uma saudação. Se entre turcos, um salamaleque. Se amaneirado, também. Curiosamente, um cumprimento de um turco façanhudo, daqueles de farta bigodaça negra ou de um andrógino tem o mesmo nome.

O primeiro, afectado pelo excesso de virilidade que aparenta; o segundo, propriamente dito, afectado. Lá no Pátio, não morava nenhum turco. O mais parecido, o Janica; pelo bigode e jeitão para cantar. A sua conversada, a Salomé, de avó marroquina, morava perto, no Beco da Espinhosa. Ora de quem se abespinha, não se devem esperar salamaleques e uma salema ainda vá, mas só nos quinze de dias de Agosto, quando vão todos a banhos para Porto Covo e, as assam no braseiro.

Salamaleque fazia o Salema à vizinha do r/c Esq., sobrinha do alfaiate da Condessa – o Silva – que usava uns corpetes feitos por seu tio que lhe realçavam as redondezas. Quer no pátio onde vivia, quer no outro, das redondezas, a Praça do Giraldo. Aí, giralmente, passeava nas estivais noites de calma. Porque um pátio é uma praça mais pequena. Sem direito a estátua, pelourinho ou fonte. Com direito, isso sim, a cantigas. Que o diga o Janica da Salomé!

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