terça-feira, 28 de julho de 2009
Becco da Forçada
segunda-feira, 27 de julho de 2009
Travessa do Passarinho
domingo, 26 de julho de 2009
Rua das Galvôas
Rua do Imaginário
Anda danado Artúrico Imaginário. As novas molas das portas da sua rua estão sempre a partir! E, já se sabe: a rua do Imaginário não existe sem as portas fechadas. Já foi convocada para amanhã de manhã, à primeira hora, uma reunião com o chefe da manutenção, o fornecedor das molas das portas e o patrão Imaginário. Então se avaliará – entre os três – o problema.
Uns dizem que se deve ao cada vez maior número de visitantes da rua e daí, a canseira do material. Artúrico acha que foi a partir do momento em que passaram a fabricar as molas na China, começaram os problemas.
Sem as portas fechadas, a rua não funciona. É preciso entrar para se imaginar. Se não tiver portas, a rua vê-se, logo, não se imagina. Se não se imaginar, como poderá ser do Imaginário? Passaria seguramente a pertencer ao seu grande rival nos negócios, Albino Realista, pioneiro na rua de portas abertas. É claro que não atingindo a qualidade só possível no Imaginário. Mas hoje os visitantes parecem preferir padrões, até há bem pouco, inimagináveis.
terça-feira, 21 de julho de 2009
Travessa da Anna da Silva
Travessa do Manoelinho
Grande era o misterio! Não havia registos. Havia ainda um velhote que poderia saber. Porém, tinha perdido o falar em tantas horas consigo próprio. Quem teria sido o Manoelinho? Miúdo não parecia ser. Porque ninguém põe nome de miúdo a uma rua. Por mais pequena que ela seja. E se fosse seria, Manelinho. Como o amigo da Mafalda do Quino. Lembram? Aquele da mercearia, com o cabelo espetado e com talento para os negócios. Uma espécie de gestor em empresa com posição dominante (i.e. EDP ou PT). Um Águia.
Pela antiguidade da toponímia, excluía-se desde logo, qualquer homenagem ao outro Manelinho famoso. Também este da Mafalda, da Mandala. Lembram? O ministro aficionado. Apesar desta condição, a edilidade, ainda não teve tempo, sequer, para ponderar sobre a oportunidade.
Verdadeiramente intrigante. A pista do Manuel com O parecia a única com réstia de esperança. Seria apelido? Diminutivo em apelido tão pouco é habitual. Haveria alguma porta ou janela Manuelina naquela rua? Mas se a rua era estreita e de poucas janelas, o que lá faria uma abertura tão amaneirada? O povo chamaria – naquelas confusões fonéticas das erudições – Manoelinho ao Manuelino?!
Um dia, já ninguém se preocupava com o assunto, no decorrer da Gay Parade promovida pelas forças mais progressistas da cidade, um dos carros alegóricos homenageava o primeiro dos homens da cidade que tinha, passo a citar – “assumido a sua orientação sexual sem olhar aos olhares discriminatórios do seu tempo”. No carro um gigantone de saliente musculatura sentado de joelhinhos juntos ondulava uma bandeira multicor e proclamava na ajustada t-shirt: D. Manoel – O 1º.
Becco dos Assucares
segunda-feira, 20 de julho de 2009
Travessa do Capitão
Não era nome de rua. Era de prato. Esguio, mas prato. Que bem se comia em casa do Capitão! Também Capitão não era posto. Nem patente, sequer! Era parente – isso sim – de um antigo oficial de cavalaria, bruto, mas de grande prestígio. Quer na terra, quer na corporação. Como ia dizendo, Capitão era apelido.
Então, nem era rua nem lá morava ou havia morado, qualquer militar. Também não era ele que tinha os dotes culinários. Este homem, que parecia um equívoco, gerava ainda mais. Vejamos: travessa de loiça que não artéria da cidade; prato esguio e prato estreito. Mas não é de porcelana nem de faiança. Do que se trata, são os famosos Pezinhos de Coentrada do Sr. Capitão servidos em travessa e não em prato redondo e coberto como pertence no Alentejo. Prato pesado, mais próprio do frio que do estio.
Embora não fosse capitão de patente, tinha um impedido. E o impedido, embora o fosse, sempre disponível para exibir os seus argumentos de cozinheiro. Ele conseguia fazer lagosta de abrótea – dizia-se à boca pequena para não ferir a generosidade do Capitão, hospitaleiro e vaidoso do seu grande tesouro, o seu empregado. É que, na Travessa do Capitão, a hospitalidade e a convivialidade são as donas da rua.
quinta-feira, 16 de julho de 2009
Travessa da Caraça
Rua dos 3 Senhores
quarta-feira, 15 de julho de 2009
Travessa Sezinando Roiz
domingo, 12 de julho de 2009
Travessa do Landim
Também não era bonita nem feia. Era assim sem pormenor.
Não tinha nome. Esqueceram-se de lhe dar um nome, os pais.
Ficou ali, quando nasceu. No hospital. E chamaram-na de menina.
A menina sem idade que não era bonita nem feia e sem pais e sem nome
viveu sempre no ar, sem os pés no chão.
Não voava, pairava. E era assim também quando sonhava.
“para mim só um anjo, caído do céu”.
E não é que esse anjo apareceu?
“de onde vens?”
- Venho da Sé. Mas não voei, vim a pé. Pisei pedra, pisei calçada, vim na tua alçada.
«a menina assim e assim? Vive acoli, na Travessa do Landim».
- Sonhei-te, amei-te no teu sonho…e vim!