terça-feira, 21 de julho de 2009

Becco dos Assucares

Débora era alegre, bonita, inteligente.
Só tinha uma doença que era amar toda a gente.
E começava a notar-se.
Fugiam. Tinham medo que aquilo se pegasse.
Ou, pior, que se pagasse.
Ela entendia o que lhe acontecia.
Aquilo era doença que ninguém conhecia.
Correu médicos, especialistas, curandeiros e bruxos.
Mas não havia cura. Nenhum caso igual ao seu.
Então Débora mirrou
Encolheu…encolheu. Amargou.
Pintou-se de apagada, desapareceu.
Trocou o seu nome por Camafeu.
Vestiu-se de pássaro e voou sem caminhos.
Voou livre, sem pressa, cheirou o mar e cheirou terra.
Até que, espreitando entre mil voadores, descobriu.
Refez-se pessoa e desceu.
Débora Camafeu estava deliciada.
Tinha vislumbrado uma morada encantada.
“O o o o vosso Be be bec c c o, dos Asss ass sssucares, por favor?”
- Vosso? Aqui só há um beco com esse nome.
E não é nosso, é seu, é de quem quiser.
Chama-se Beco dos Açucares mas que lhe saiba ao que mais gostar.
“Al al algoo go dão!!!” , gaguejou em grito.
E depois riu, riu, riu, sonoramente.
Ali ficou. Amou sem cerimónia, que ninguém notou.
Tinha encontrado a cura em algodão doce.
Num beco com uma enorme saída
Porém nunca a procurou.

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