domingo, 12 de julho de 2009

Travessa do Landim


Ela não era nova nem velha. Era assim sem idade alguma.
Também não era bonita nem feia. Era assim sem pormenor.
Não tinha nome. Esqueceram-se de lhe dar um nome, os pais.
Ficou ali, quando nasceu. No hospital. E chamaram-na de menina.
A menina sem idade que não era bonita nem feia e sem pais e sem nome
viveu sempre no ar, sem os pés no chão.
Não voava, pairava. E era assim também quando sonhava.
“para mim só um anjo, caído do céu”.
E não é que esse anjo apareceu?
“de onde vens?”
- Venho da Sé. Mas não voei, vim a pé. Pisei pedra, pisei calçada, vim na tua alçada.
«a menina assim e assim? Vive acoli, na Travessa do Landim».
- Sonhei-te, amei-te no teu sonho…e vim!

Sem comentários:

Enviar um comentário