Anda danado Artúrico Imaginário. As novas molas das portas da sua rua estão sempre a partir! E, já se sabe: a rua do Imaginário não existe sem as portas fechadas. Já foi convocada para amanhã de manhã, à primeira hora, uma reunião com o chefe da manutenção, o fornecedor das molas das portas e o patrão Imaginário. Então se avaliará – entre os três – o problema.
Uns dizem que se deve ao cada vez maior número de visitantes da rua e daí, a canseira do material. Artúrico acha que foi a partir do momento em que passaram a fabricar as molas na China, começaram os problemas.
Sem as portas fechadas, a rua não funciona. É preciso entrar para se imaginar. Se não tiver portas, a rua vê-se, logo, não se imagina. Se não se imaginar, como poderá ser do Imaginário? Passaria seguramente a pertencer ao seu grande rival nos negócios, Albino Realista, pioneiro na rua de portas abertas. É claro que não atingindo a qualidade só possível no Imaginário. Mas hoje os visitantes parecem preferir padrões, até há bem pouco, inimagináveis.
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