terça-feira, 4 de agosto de 2009

Rua do Capado

Lá em casa, gabava-se: “Só eu!” O porco, o galo e o cavalo: “Todos capados!” Assim proclamado, até fazem pena os animaizinhos. O porco por meras razões culinárias. O galo pelas mesmíssimas razões. O cavalo por razões de comodidade, pois junto com uma mulher feia é – segundo opiniões seculares e abalizadas – o descanso do homem!

Tomemos portanto como útil a castração do cavalo. Agora, do galo e do porco não parece razão suficiente, o interesse gastronómico, que é do que realmente se trata quando se fala de culinária. A gastronomia é uma actividade lúdica. Privar os animais de actividades lúdicas, por razões lúdicas, é uma prepotência inaceitável do homem. Não é de homem. É antes, de castrado.

De facto, não se conhecia ninguém que avalisasse a integridade física do gabarola. Nem mulher, nem homem. E de tanto proclamar, ganhou o epíteto de capado. Ou seja, castrado em versão popular. Ele e a rua!

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